sono azul ancorado na dança
no salão onde todos cantam
embalados por mil vozes roucas
que na canção do embalo avançam
aparece atenta e acesa
no bailado azulado do sonho
igualzinho quem busca um piolho
no escarcel profundo da cabeça
não descobri, ó pai
e nem descobrirei
o que haverá por debaixo das saias
por detrás dos pêlos que não roçarei
despido do final da festa
despido de algo que não presta
eu sei que na eterna promessa,
se esconde a ilusão severa
se arrasta o ponteiro da espera
que não chegará o sopro à galera
primavera escapa ao outono
o côro entoa a charada
na luz te sorri como a tarde,
no escuro amarga a madrugada
...e ainda assim
a dança balança
têsa
o corpo da noite laranja
que do mistério faz-se surpresa
no horizonte da pubis sem franja