Wednesday, December 28, 2011

Solitário no quarto vermelho

Esperando a grande invasão

Eu queimando a imagem no espelho

Ela não

Minha voz só entoa o seu nome

Meus quadris roçam a solidão

Só Deus sabe da fome de um homem

Ela não

Seu sorriso rasga a paisagem

Seu contorno assassina a razão

Estou pronto pra ver-me perdido

Ela não

O amor que procuro no quarto

No vermelho profundo e sem fim

Eu encontro no seu rebolado

E ela em mim

balada do amor inevitável

você vem

sou todo feito de amor
teu olhar é uma flor inesquecível
solitária e colorida no alto de uma montanha que só eu
você vem,
vem
você nem vê
que quanto mais tempo eu tenho sem você
mais meu corpo precisa te ter
mais tuas coxas preciso ver
mais teus seios preciso lamber
mais tua boca é preciso morder

teu riso pela minha vida é o sol que me abraça por de trás do horizonte
é o calor do teu hálito que me desperta
suave e lascivo
ensaiando o balé do beijo
mais quente que o raio-de-sol

meu quadril canta no seu rebolado
sua voz pinta meu corpo com a cor da manhã

se um dia, tiver eu que ir-me dessa vida
que seja sua mão a que me leva
pois que da tua presença a vida se faz viva
e à tua presença, a morte é desavença

teus cabelos me cobrindo as palavras
fazem do meu membro vivo seu joguete
pra que o resumo do meu corpo
pulse intenso e mate sua sede

não posso me queixar, não me queixo
da falta que teu lastro estende
sobre o piso do meu dia
adia o dia dum total deleite
que só o nó do abraço do teu corpo
ensina ao tato desacostumado

de sombra me alimento doce
salgado riso iluminado

não posso, ó pai, pedir-te luz decente
se a sombra aguarda sedutora
no som infindo do sorriso
que chega daqui a pouco, agora

tem choque no teu corpo de sonho ainda mais fantasioso na sobriedade
destende o olhar na tua púbis, no teu cheiro entendo o torpor que arde

não posso, ó pai, pedir-te "explode"
se a graça da nossa ousadia
se extende tão misteriosa
no atrito da sinestesia

você vem, já entendi
e meu corpo também
já se prepara
pois sabemos eu e ele que tu e teu vêm em conflito com a terra,
com o pulso que dos pés separa

mas é mesmo tudo alegria
que a lança da distância e da tara
nos alcança banhada de saudade,
da verdade que se nos depara

a verdade de que nos completamos
e por isso nosso beijo estala
nosso encontro é em si toda a existência
o universo não é mais que a sala

de amor se tece minha pele
do amor que todo o mal impele
o amor em que a malícia ferve
o amor ao qual minha vida serve

é meu amor teu esse gigolô
das milhares de servas do próprio amor
que se formam nos traços dos meus cílios
que se pintam com os tons da tua cor

Jonas Sá

Saturday, March 05, 2011

Tipo Neon

a madrugada rodava chutada pela brisa
e maria não sabia o que fazia
queria queria queria
querida, dizia

lotação de homens e olhos ocultos
ternos enxutos, gravatas caras
descia, fechava, abria
Jesus se sentia

a música desilizava e não parava
e varava a madrugada drogada
dançava, roçava, rodava
em nada pensava

na rua já era dia e maria se despia
sua roupa caia, sua pele ascendia
seus olhos, seus olhos, seus olhos
e a dança acabava