balada do amor inevitável
sou todo feito de amor
teu olhar é uma flor inesquecível
solitária e colorida no alto de uma montanha que só eu
você vem,
vem
você nem vê
que quanto mais tempo eu tenho sem você
mais meu corpo precisa te ter
mais tuas coxas preciso ver
mais teus seios preciso lamber
mais tua boca é preciso morder
teu riso pela minha vida é o sol que me abraça por de trás do horizonte
é o calor do teu hálito que me desperta
suave e lascivo
ensaiando o balé do beijo
mais quente que o raio-de-sol
meu quadril canta no seu rebolado
sua voz pinta meu corpo com a cor da manhã
se um dia, tiver eu que ir-me dessa vida
que seja sua mão a que me leva
pois que da tua presença a vida se faz viva
e à tua presença, a morte é desavença
teus cabelos me cobrindo as palavras
fazem do meu membro vivo seu joguete
pra que o resumo do meu corpo
pulse intenso e mate sua sede
não posso me queixar, não me queixo
da falta que teu lastro estende
sobre o piso do meu dia
adia o dia dum total deleite
que só o nó do abraço do teu corpo
ensina ao tato desacostumado
de sombra me alimento doce
salgado riso iluminado
não posso, ó pai, pedir-te luz decente
se a sombra aguarda sedutora
no som infindo do sorriso
que chega daqui a pouco, agora
tem choque no teu corpo de sonho ainda mais fantasioso na sobriedade
destende o olhar na tua púbis, no teu cheiro entendo o torpor que arde
não posso, ó pai, pedir-te "explode"
se a graça da nossa ousadia
se extende tão misteriosa
no atrito da sinestesia
você vem, já entendi
e meu corpo também
já se prepara
pois sabemos eu e ele que tu e teu vêm em conflito com a terra,
com o pulso que dos pés separa
mas é mesmo tudo alegria
que a lança da distância e da tara
nos alcança banhada de saudade,
da verdade que se nos depara
a verdade de que nos completamos
e por isso nosso beijo estala
nosso encontro é em si toda a existência
o universo não é mais que a sala
de amor se tece minha pele
do amor que todo o mal impele
o amor em que a malícia ferve
o amor ao qual minha vida serve
é meu amor teu esse gigolô
das milhares de servas do próprio amor
que se formam nos traços dos meus cílios
que se pintam com os tons da tua cor
Jonas Sá
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